16 de fevereiro de 2006

”Walk the Line” por Nuno Reis




Um ano depois de Ray Charles e Bobby Darin serem homenageados, chega-nos aos ecrãs a história de Johnny Cash , um dos mais revolucionários cantores do seu tempo. As músicas podem não ser tão mundialmente conhecidas como as de outros artistas dos anos 60, mas o que é certo é que Cash é um dos cantores mais marcantes de sempre e este filme já era mais do que merecido.
Tal como Ray também Johnny nasceu num ambiente rural e teve uma infância marcada pela tragédia, Johnny depressa saiu de casa e na sua carreira militar começou a compor músicas diferentes. De regresso a casa e já casado com a mulher dos seus sonhos, Johnny tenta ganhar a vida como vendedor. No dia em que ouve um jovem num estádio a cantar uma música sobre uma vaca o seu desejo de carreira de música torna-se demasiado forte e é atirado pela força da necessidade para uma tentativa desesperada de fazer contrato discográfico.
Com o aumento da fama a vida de Johnny vai-se modificando, começa a viajar em digressões com alguns outros artistas e a dar espectáculos dignos desse nome. Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Roy Orbison, cada um é uma estrela sem igual! Entre esses grandes nomes da música encontra-se um dos ídolos da sua infância: June Carter, filha de músicos que desde os seis anos actuava na rádio. Ao longo dos anos estes músicos vão-se degradando e cometendo erros, na sua maioria metem-se nas drogas, um erro terrível que levará Cash a interromper a carreira.

Como muitas biografias “Walk the Line” mostra quanto é preciso caminhar até nos apercebermos que estávamos no caminho errado. Este filme é um redescobrir do artista e da obra, mas é acima de tudo um tributo à força de vontade, à perseverança, à amizade e à dedicação aos amigos. É sobre as mudanças que o amor provoca numa pessoa: como a pode salvar; como a pode tornar melhor; como a pode levar a transpor os obstáculos. Apesar do título ser de uma música do cantor o filme não é dedicado a Johnny mas a June. June foi a voz que o acompanhou, a musa que o inspirou, a mão que o salvou. Sem a sua amiga June, Johnny nunca teria andado na linha, sem ela não viveu.

O início do filme tem um som forte que provoca imediatamente interesse. A música e a tragédia alternam-se continuamente, colando o espectador de olhos e ouvidos ao que se passa e atirando-lhe de seguida algo fundamental sobre Johnny. Mesmo semanas depois de ver o filme ainda se tem frases na ponta da língua, cenas na mente e músicas no ouvido. Fiquei com a sensação de que faltaria algo ao filme mas não conseguia descobrir o quê. Era a vontade de ficar a ver algo tão bem conseguido por mais tempo. As interpretações de Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon estão fenomenais, é de longe o melhor trabalho de ambos e foram dignos vencedores dos Globes. Lamento a ausência do filme nos nomeados para a categoria máxima dos Óscares mas espero que o tempo e as demais estreias provem que este era realmente apenas o sexto melhor do ano.




Título Original: "Walk the Line" (EUA, 2005)
Realização: James Mangold
Intérpretes: Joaquin Phoenix, Reese Witherspoon, Ginnifer Goodwin
Argumento: Gill Dennis e James Mangold baseados nas autobiografias
Fotografia: Phedon Papamichael
Música: T-Bone Burnett
Género: Biografia , Drama, Musical
Duração: 136 min.
Sítio Oficial: http://www.walkthelinethemovie.com

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